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Conferência de imprensa

Entrevistas

Nas fronteiras com a palavra dos outros: entrevista a José Carlos Sebe Bom Meihy

Em 1994, com a publicação de Cinderela negra, a saga de Carolina Maria de Jesus, em colaboração com Robert M. Levine, o historiador José Carlos Sebe Bom Meihy se consagrou como um dos maiores especialistas da obra caroliniana. São mais de três décadas pesquisando, publicando e instigando novos olhares sobre esta autora. Além daquela providencial contribuição para a compreensão do “fenômeno Carolina”, o percurso intelectual do professor Meihy (Guaratinguetá, 1943), sua extensa obra acadêmica e de divulgação, assim como sua incansável dedicação ao magistério universitário (50 anos na USP), representam de forma exemplar, no estudo da literatura, uma dimensão transdisciplinar alternativa ao paradigma hegemônico dos estudos culturais. Apesar de seu reconhecido rigor acadêmico nos limites disciplinares da pesquisa histórica, ultrapassa as fronteiras epistêmicas com contribuições que certamente merecem atenção dos teóricos e estudiosos da literatura comparada, pela diversidade de sua formação e admirável curiosidade intelectual. O assunto principal desta conversa é precisamente esse: o necessário intercâmbio transdisciplinar para entender melhor, em seu contexto sócio-histórico, a relevância cultural não apenas de Carolina, mas também de autores tais como Antônio Vieira e Monteiro Lobato, e de tantos outros que falaram ou escreveram às margens da instituição literária. A entrevista que se segue é o resultado de um processo de textualização, revisão e reescrita a quatro mãos de uma conversa gravada no Rio de Janeiro, em uma manhã de março de 2022. Foi apenas um entre muitos encontros, desde 2019, para falar sobre autobiografias populares, recepção literária, história do presente, entre outros assuntos. Espero, portanto, que sua prosa lúcida, vivaz e consistente, própria da maturidade intelectual, seja tão instigante ao público desta revista quanto foi para mim.

FAZER AQUILO QUE NINGUÉM

MAIS FAZ: ENTREVISTA COM JOSÉ

CARLOS SEBE BOM MEIHY

Entrevistar é, em sua essência, um desafio.

Pelo lado do entrevistado é construir uma narrativa sobre si; colocar-se perante a desconfortável presença de um gravador ou uma câmera; ser confrontado com perguntas que talvez não queira responder. Pelo lado do entrevistador, é criar as condições propícias para o conforto de seu entrevistado; preparar uma ampla pesquisa e desenvolver questões certeiras; saber lidar com os possíveis embates que podem surgir no momento único que é a entrevista. E quando nos propomos a entrevistar aquele é uma das grandes referências da História Oral no Brasil, que, em cerca de 5 mil entrevistas, dedicou-se não só a contar a vida de pessoas, mas também a refletir sobre a teoria e o método que envolvem esta ação? Nossa conversa com José Carlos Sebe Bom Meihy se deu no mesmo

dia em que o Núcleo de Estudos em História Oral da Universidade de São Paulo (NEHO-USP) completou 28 anos. Nesta data, 7 de novembro, a comemoração acontecia no Departamento de História da USP. O professor, na conferência final do evento, lembrou o objetivo que o levou a fundar o núcleo: fazer aquilo que ninguém mais faz.

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