
Artigos Acadêmicos
Os novos rumos da história oral: o caso brasileiro
A História Oral tem sido objeto de muitas discussões nos dias de hoje. É consensual, entretanto, que a história oral atingiu sua maioridade, e que apesar da discussão necessária, sobre o seu status, cada vez mais encontramos pessoas interessadas no tema. Nos processos de mudança no campo da história oral, é inegável o empenho com que seus estudiosos têm se empenhado em divulgá-la.
Carolina Maria de Jesus: emblema do silêncio
história da leitura no Brasil ainda está para ser feita. Apesar dos trabalhos pioneiros de Marisa Lajolo e Regina Zilberman (l), faltam ser completadas informações básicas que permitam levantamentos possibilitadores da análise do consumo e da percepção dos leitores. O que fica salientado é o fascínio da elaboração do texto e o descrédito em face da emissão da mensagem. Esta prática, infelizmente, tem dominado o gosto dos estudiosos em particular da crítica especializada; porque se contentam com a análise do discurso, os estudos literários grosso modo se esgotam em exercícios que raramente chegam ao social.
JCSB Meihy - Revista USP, 1998 - revistas.usp.br SÃO PAULO (3 7): 8 2-9 1, MARÇO/MAIO 1 9 9 8
A adocicação do saci na cultura brasileira ou O saci: oralidade, escrita, cultura de massa
Pensando a figura “folclórica” do Saci, a proposta deste texto visou dar forma a tantas ideias soltas, hipóteses formuladas ao longo de anos de suposições sobre a dinâmica de nossa identidade, brasileira, filtrada pelo saber popular, expressa pela indústria cultural. Também buscou-se explicar as transformações do personagem, visto como produto manipulado assumido pelo exercício de transposição de tradições transmitidas oralmente, mas que foram apropriadas como oficiais por meio de longo processo de filtragem de narrativas escritas e ilustradas, e assim, transformadas em mercadorias hoje incorporadas no contexto nacional. Pesou ainda a consideração do sutil constructo da memória coletiva como atributo integrante da requalificação do novo perfil brasileiro, na era da globalização, colocando temas amplos acima de questões de: gênero, classe, credo e principalmente de condição social.
Memória, história oral e história
Entre outros, na era da globalização três alvos correlatos se portam como objetivo na mira de pensadores comprometidos com o papel do conhecimento na transformação social: identidade, comunidade e memória. Então, nova agenda se coloca como desafio coligando o saber às contingências das mudanças. Não mais cabe apenas supor continuidades, nem se admite o “culturalismo puro” como objetivo do conhecimento. Saber demanda alterar rumos, indicar caminhos de transformações, compromissos. No mundo contemporâneo, isso se torna mais do que evidência, pleito intelectual.
JCSB Meihy - Revista de História Oral, 2010 - diversitas.fflch.usp.br
Memória, oralidade e realismo fantástico: A tumba de Leo Kopp no Cemitério Central de Bogotá
Um dos temas mais sutis presente no panorama da cultura em tempos de globalização versa sobre o impacto da América Latina como polo gerador de conhecimento autêntico, com contornos próprios. Tal enunciado remete ao prestígio dos argumentos originais que caracterizariam a cultura local, latino-americana, lato sensu, pois afinal pergunta-se: pode-se falar de um modo cultural latino-americano? Caso afirmativo, de que matéria teria se constituído? Haveria unidade nas manifestações expressas pela cultura cunhada pelo padrão europeu? Nesta linha, situações específicas, como o caso colombiano, teriam relação direta com dinâmicas culturais vizinhas, mais amplas? Pensando nas sementes que fertilizam tais questionamentos - esboçados no passado, desde o peruano José Carlos Mariategui (1894-1930) - chega-se a Leopoldo Zea (1912-2004), pensador mexicano que mexeu de maneira decisiva com ideias estabelecidas sobre a projeção das antigas metrópoles europeias “criadas” nas colônias da América Latina.
“A COISA MAIS LINDA É O SONHO DE POETA”: O UNIVERSO ONÍRICO DE CAROLINA MARIA DE JESUS
A proposta deste artigo é analisar o papel dos sonhos nos diários de Carolina Maria de Jesus. Partindo-se da combinação dos fragmentos publicados em “Quarto de despejo”, na versão de Audálio Dantas, como nos originais inéditos, buscou-se valorizar aspectos subjetivos, pouco prezados na consideração geral da obra desta escritora. Na mesma ordem, o sentido da palavra sonho como expectativa demonstra a dimensão da produção de Carolina como um projeto de vida.
JH Oliveira, JCSB Meihy - Revista Magistro, 2016 - publicacoes.unigranrio.edu.br